quarta-feira, 29 de julho de 2009

Calais




Hoje chegou o dia de eu entregar a chave da cidade ao mais novo rei de Calais. Eu o odeio. Sinto-me horrível ao ser obrigado a proceder tal ato, sinto-me traidor da minha própria pátria. Desde a invasão da cidade, com toda a guerra e as pessoas morrendo, percebi que mais dia menos dia, esse momento chegaria.
E como se nao bastasse, o rei escolheu justamente nós, o seis mais ricos burgueses, para entregar-lhe a tal chave, e eu (o mais rico) o encarregado de dar-lhe o objeto em si. Se soubesse que fazer dinheiro teria um fim tão terrível, seria a pessoa mais pobre da cidade.
Faltam apenas dois minutos para nos chamarem e eu me vejo relembrando tudo isso: o sofrimento de todas as famílias e pessoas. Eu principalmente fiquei muito abalado com o ocorrido, nunca pensei que chegaríamos a tal ponto.
Agora, me sinto impotente, amarrado firmemente às cordas que nos prendiam um fraco, abalável, inútil. Pensei em todo o esforço da população e meu próprio: tudo em vão.
- Renè, o mais rico burguês, entrega-me a chave!
Chegou a hora. De cabeça baixa, vejo a minha vida despencar.

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