segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Nada além da verdade. A incrível verdade.

Finalmente.
Finalmente as coisas estão ficando mais claras.
Eu realmente me sinto como devo sentir. Calma, segura, com certeza. Pelo menos nas partes ocultas. Na escola vai tudo mal, mas isso nao é realmente um problema. Uma falta, uma briga, um acontecimento, uma perda, a clareza.
Porque tudo de ruim acontece ao mesmo tempo? E porque agora, quando acontece, eu nao sinto? Neutra. É, acho que estou neutra pra isso, usando um termo que provavelmente a Bela usaria. Me sinto equilibrada numa balança.
O Seu Manoel faleceu hoje de manha.
Ele era um velinho que vivia no apartamento ao lado. A ambulância vivia aqui no prédio porque as vezes ele passava bem mal. Minha família e eu achávamos que ele estivesse em coma. Hoje, depois que fui para a Câmara aconteceu tudo, mas só soube depois que cheguei. Meu pai foi no enterro. Disse que a causa era infarto, deve ter sido o quinto. Coitado.
Enfim, essa foi a morte de hoje.
Por alguma razao isso me fez lembrar do Almir, de quando ele ainda era vivo, e de quando ele morreu, que também foi de enfarto. Me fez lembrar da foto que tem no corredor do primeiro andar da escola, a foto que me marca, como a foto do dia em que minha vida rodou de cabeça para baixo. Eu demorei três longos e dolorosos meses pra voltar ao normal. Nunca vou esquecer, porque mesmo que tente dizer, só quem vai saber o que eu passei, a agonia daqueles quatro dias, da semana anterior, da anterior a essa e aos três meses seguintes, sou eu.Eu me lembrei da despedia muda que me arrancou lágrimas silenciosas, dos gritos sem som nas noites sem lua, dos sonhos macabros e das pessoas morrendo. Eu me lembrei daquele a quem deixei, daquele a quem magoei, e daquele a quem nunca quis magoar. Tudo isso e estou neutra.
Nao me sinto sem coração ou insensível por nao me magoar mais, ou por poder olhar pra tudo isso como a história de um livro em que nao sou a personagem principal, ou como a lembrança de uma outra vida. Só cansei de ser infeliz. Cansei de chorar, cansei de me magoar, cansei de nao viver.
Isso. Cansei de nao viver.
E agora, estou me sentindo muito bem. Nao pela morte dele claro, mas pelas coisas que vinham ocorrendo antes disso. Graças a Deusa eu posso me orgulhar do que tem acontecido.
Eu realmente acho que acertei dessa vez, estou mais calma e paciente, e por incrível que pareça, só agora eu descobri o poder da voz, das palavras, do conforto. Aprendi a ser quem eu queria muito ser, estou começando a ser a versao mais nova de mim, a versao que eu mais queria conseguir ser. Eu descobri o poder da voz, eu descobri o poder do bem-estar e do conforto, e descobri que eu posso usá-los. Eu posso acalmar as pessoas, posso fazê-las pelo menos um pouco mais felizes, posso fazê-las ver uma outra perspectiva. Todos podem. O mundo pode. É só descobrir.
Hoje em dia, posso dizer que me orgulho de cada pessoa em especial. Me orgulho delas, por serem especiais a seu modo, por fazerem coisas incríveis por mais simples e fáceis que sejam, por passar por cima das suas dificuldades e mostrarem que podem vencer tudo e que podem mudar, me orgulho por elas se mostrarem interessadas, brilhantes, capazes e amorosas em tudo à seu modo, me orgulho por todas as coisas boas que elas fazem e lutam pra fazer, me orgulho de poder viver com essas pessoas, de poder estar na vida delas, de poder dizer isso pro mundo tendo certeza do que estou falando.
E me orgulho de mim mesma por ter percebido isso, por ter aberto os olhos pra essas pequenas coisas, e por me deixar orgulhar. Me orgulho por estar realmente feliz com isso e com todas as pessoas de que tenho orgulho e principalmente, me orgulho de saber que isso é verdade, e que nao tenho nada a temer se alguém discordar ou interpretar de forma errada.
Eu me orgulho.
Obrigada Deusa. Você sempre estará presente em mim.

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